FELIZ 2011





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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Esquecer é tão importante quanto lembrar


“Todos os dias, enquanto eu viver

Eu vou me lembrar ...

Lembrar de esquecer!

Esquecer que o sol vai nascer e vai se por

E que os retratos que crio não podem repor,

Seu olhar, seu sorriso, seu amor...

E talvez um dia eu consiga lembrar

Daquilo que esqueci de esquecer

Do seu brilho que a doença apagou

Das marcas que o tempo deixou

Do abraço que não posso mais ter...

E todos os dias, enquanto eu viver,

Eu vou lembrar...

Lembrar de esquecer...”




É uníssono entre os cientistas da Teoria da Cognição que tão importante quanto lembrar é poder esquecer.


Para o neurocientista Ivan Izquierdo, “esquecer é fundamental para podermos pensar melhor, não enlouquecermos e conseguirmos sobreviver neste mundo”.


Nossa mente nos faz esquecer inúmeras coisas importantes, mas preservamos aquelas necessárias para conseguirmos viver. Lembramos onde fica nossa casa, nosso trabalho, o nome dos familiares e amigos. Por outro lado, seria insuportável a convivência se lembrássemos a todo o momento de todos os mal-entendidos ocorridos nos diversos contextos sociais, seja afetivo, profissional, ou de qualquer outro gênero.


Também esquecemos porque é preciso abrir espaço para novas informações – os mecanismos que formam e evocam memórias são saturáveis. Assim como também segundo a lei do desuso, com o decorrer do tempo e da falta de uso, as memórias acabam mesmo se perdendo. Isto se dá porque as memórias ficam “gravadas” em nosso cérebro através de redes de neurônios que tendem a se desfazer quando não são ativadas por um longo período.


Na verdade, esse é um dos pontos centrais na neuropsicologia da memória, ou seja, saber onde estão armazenadas as memórias, no cérebro. Após diversos experimentos, o neuropsicólogo Karl Lashley declarou que não se podia encontrar locais específicos no cérebro para memórias específicas.




Geralmente lembramos mais facilmente daquilo que nos é útil. As informações de maior relevância emocional são gravadas com mais facilidade e se retêm por mais tempo na memória. Algumas decorrem de emoções tão intensas que nunca mais se apagam – o dia do nascimento de um filho, por exemplo.


A importância das emoções para o processo de armazenamento na memória é tão grande que muitas lembranças desaparecem quando os sentimentos que as geraram também deixam de existir. Apagamos da mente um acontecimento que nos assustou quando deixamos de sentir medo daquilo. Como essa lembrança era sempre ativada através do medo, quando ele acaba, a lembrança não é mais acionada e cai no esquecimento – exemplifica Ivan Izquierdo.

Entretanto, os esquecimentos podem ocorrer também através das falhas nos sistemas de recepção ou evocação de uma lembrança. O que aprendemos também afeta o que lembramos, uma vez que a memória parece não ser apenas uma reprodução do que foi aprendido, mas é também construtiva, influenciada por informações adquiridas posteriormente e por esquemas baseados no conhecimento anterior.


O modo como a informação é codificada à época da aprendizagem afetará enormemente a maneira como ela é evocada, mais tarde. Um dos meios mais eficientes de melhorar-se a evocação é que a pessoa crie indícios significativos para a recuperação subseqüente.

A memória, de acordo com Crowder (1976 citado por Sternberg 2000), refere-se aos mecanismos dinâmicos associados à retenção e à recuperação da informação sobre a experiência passada. Segundo Sternberg (2000), no processo mnemônico são identificados três operações: codificação, armazenamento e recuperação.
Na codificação, dados sensoriais são transformados numa forma de representação mental;
 no armazenamento, a pessoa conserva a informação codificada na memória;
e na recuperação o indivíduo extrai ou usa a informação armazenada na memória.


O armazenamento de informação na memória acontece a curto e a longo prazo, e neste os conteúdos que são guardados na memória permanecem durante longo período ou até mesmo definitivamente.



Entre os vários estudos neste campo, há aqueles que se referem à importância do esquecimento para a memória. Assim, como têm revelado as pesquisas, para expandir a capacidade de processamento é fundamental saber se livrar do que não interessa, ou seja, esquecer o que não é importante.


Se o espaço do cérebro é finito, então é preciso priorizar compromissos ou evitar o excesso de tarefas e atos automáticos.


O esquecimento, portanto, permite que se abra espaço para que se possa avançar com o raciocínio.


Esquecer é fundamental para não ter memórias que nos azucrinem e impeçam o aprendizado de coisas novas.


As pessoas esquecem para poder pensar e serem capazes de fazer generalizações e reflexões sobre as informações obtidas.


Por outro lado, de acordo com o Dr. João Roberto D. Azevedo, se não houvesse o processo de esquecimento nossa capacidade de adaptação ficaria prejudicada.


Como se pode perceber, então, aqueles desconfortáveis esquecimentos eventuais, habitualmente preocupantes, seriam na verdade, positivos.

Bibliografia:
IZQUIERDO, Ivan. A Arte de Esquecer: Cérebro, Memória e Esquecimento. Ed. Vieira & Lent.


STERNBERG, Robert J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.


Revista Época.Setembro de 2004. Citada no artigo de Melo, Denise Mendonça.


MELO, Denise Mendonça. Processo de memória – esquecer para lembrar. Site: Acessa.com.


Site: Globo on line de 20.03.2006. Memória. Esquecer é tão importante quanto lembrar.

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