FELIZ 2011





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domingo, 24 de outubro de 2010

Entrevista a Ana Franky



Ana Franky é aluna da Universidade do Minho em Braga, frequenta o 5º ano do curso de Medicina e está inserida num grupo de estudo relacionado com diversos temas no âmbito das neurociências.

Pergunta – O estudo da mente humana poderá passar apenas pelas neurociências?
Ana Franky – Julgo que não, a mente humana, tema que vocês procuram abordar, passa também por uma vertente mais metafísica, na sua maioria ligada à filosofia e à psicologia. As neurociências dedicam-se à descoberta dos mecanismos de funcionamento do sistema nervoso, mecanismos que permitirão o aparecimento da mente. E a mente humana terá muitos componentes e poderá ser abordada de muitas maneiras, por uma vista mais bioquímica ou fisiológica, por exemplo. Uma fatia das neurociências gira em volta de doenças do Sistema Nervoso: ao estudar as diferenças estruturais, bioquímicas e fisiológicas pode-se deduzir as causas de certos fenómenos, funções da “mente”.

P. – Sabemos que está inserida num grupo de estudo ligado às neurociências. Quais os principais temas por ele abordados e quais os objectivos desse projecto?
A. F. – No grupo são debatidos temas essencialmente ligados à influência do stress no funcionamento de cérebro, avaliando alterações cognitivas e nmésicas bem como alterações comportamentais. Existem testes que, ao se exigir ao rato que encontre uma determinada plataforma, permitem avaliar a memória espacial do animal. Outros testes permitem avaliar se o animal apresenta um comportamento do tipo ansioso ou do tipo depressivo, por exemplo.
As experiências laboratoriais são efectuadas, predominantemente, em ratos. A título de exemplo, é possível lesionar uma área específica do cérebro do rato e avaliar, à posteriori, o efeito dessa lesão no comportamento do animal.
É também foco de estudo o desenvolvimento neurológico do rato, tentando estudar o efeito de alguns estímulos que o feto sofre durante a gestação nesse desenvolvimento. Será que uma mãe “stressada” terá filhos “stressados”?
Para o estudo do funcionamento do cérebro, usa-se também fármacos com acção no sistema nervoso. Esses fármacos que aliviam certos sintomas neurológicos vão permitir que, ao sujeitarmos os animais a esses fármacos, possamos avaliar as alterações fisiológicas, morfológicas e bioquímicas e assim perceber melhor que vias estão envolvidas na etiologia desses sintomas.

P. – Como se encontra o desenvolvimento português relativamente à investigação na área das neurociências comparativamente com o resto do mundo? Quais os principais temas aqui abordados?
A. F. – Em Portugal, não existirá qualquer grupo de investigadores nesta área que seja reconhecido e representativo a nível mundial, o que não quer dizer que não exista gente muito capaz. No entanto, como em qualquer tipo de investigação, existem as questões económicas que, sem dúvida, condicionam a obtenção de resultados. Nos países de maior poderio económico, há maior investimento na investigação, pelo que haverá mais recursos físicos e humanos e assim será mais fácil obter mais resultados. Em certos países é também possível fazer investigação em primatas que, por serem biologicamente mais semelhantes ao Homem, permitem uma transposição mais fácil dos resultados para a biologia humana.
Contudo, as temáticas abordadas pelos grupos portugueses não diferirão muito da restante comunidade científica, uma vez que é necessário acompanhar a evolução do conhecimento e com ele conseguir construir mais conhecimento.


P. – A evolução desta ciência, aliada à descoberta de novas curas e tratamentos, permite dizer que hoje em dia já não é tão vulgar surgir uma nova doença?
A. F. – Isso na realidade não acontece, pelo que podemos dizer que existirá sempre algo novo a descobrir no seio das neurociências. Temos o simples exemplo do HIV, apesar de não ser uma doença de cariz neurológico, surgiu apenas no século passado. E, agora em tom irónico, podemos sempre contar com os nossos genes para nos pregarem uma partida e, após uma qualquer mutação, criarem uma nova doença. Podemos também afirmar que a tão falada evolução da genética tem deixado a sua contribuição no desenvolvimento das neurociências; descobrir quais os genes responsáveis por determinada doença; aqueles que fornecem protecção e os que aumentam a predisposição para determinada doença. É também muito importante o papel dos factores ambientais na dita genética; se por um lado tudo o que acontece dentro da célula se deve aos seus genes, por outro lado, a expressão dos genes é regulada por múltiplos factores.

P. – A vida onírica é alvo de estudo das neurociências?
A. F. – A meu ver, este tema sobre o significado dos sonhos inserir-se-á mais na área da psicologia. Desconheço estudos que se debrucem sobre a capacidade onírica, como surgem os sonhos e porquê. Contudo, é possível saber qual a actividade cerebral durante as várias etapas do sono, através da inserção de eléctrodos em zonas cerebrais específicas e que mostram que o cérebro mantém actividade durante o sono e será essa actividade que possibilita a formação dos sonhos.

P. – O Homem desde há muito que utiliza drogas para poder promover em si mesmo o sentimento de bem-estar. Estes vícios criam alterações significativas nos processos neurológicos?
A. F. – Existem várias zonas que são alteradas pelo o uso de estupefacientes, e não me refiro a um uso exagerado. Por exemplo, no caso do haxixe, basta que se fume uma única vez para que a probabilidade de o indivíduo ter alucinações e de poder vir a sofrer de esquizofrenia no futuro aumente drasticamente. Já foi também demonstrado, através de exames imagiológicos e funcionais, que o cérebro de uma pessoa que consuma, por exemplo cocaína, apresenta alterações significativas da estrutura e função, como atrofia de certas regiões.

P. – Qual lhe parece então ser o principal objectivo das neurociências e que podemos esperar no futuro?
A. F. – O objectivo desta ciência pode ser bastante fácil de determinar, tendo em conta que passa por descobrir tudo que até ao momento não foi possível descodificar no nosso cérebro. A cada dia tenta-se encontrar a função específica de cada componente assim como o modo através do qual surgem as diferentes interacções, de onde surgem os estímulos e que mecanismos cerebrais são utilizados para se atingir um qualquer objectivo. Temos o exemplo recente da descoberta ligada à dependência da nicotina, enquadrada na ínsula, uma componente cerebral. Esta descoberta poderá em breve revolucionar o vício do tabaco.
O futuro passa também pela descoberta de novas técnicas de estudo, aliando a evolução tecnológica à evolução das neurociências, estudando doenças específicas pormenorizadamente como Parkinson e Alzheimer. Só desta forma serão descobertas as curas e/ou os tratamentos adequados, através de um processo lento e gradual, em que a maioria dos dados são como que inúteis num contexto isolado, mas que conjugados com outros constituem pequenos passos para atingir grandes descobertas
pesquei na net........

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