FELIZ 2011





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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

EDUCAR COM A CABEÇA

Neurobiólogos descrevem o cérebro como um sistema dinâmico cujas
conexões se modificam quando aprendemos e fornecem a base científica
para uma nova disciplina: a neurodidática. Ela procura configurar o
aprendizado da melhor maneira que o cérebro é capaz de aprender.
Logo ao nascer, todo ser humano possui centenas de bilhões de
neurônios. Nos dois primeiros anos, crescem sobretudo os apêndices
mediante os quais cada célula nervosa envia sinais a milhares de outras.
Pontos especiais de contato – as sinapses - transmitem as informações
entre as diferentes células.
De início surgem sinapses em profusão, uniformemente distribuídas.
Quando, porém, certos neurônios respondem a estímulos que
freqüentemente se manifestam em conjunto, as sinapses entre tais
neurônios se fortalecem e perduram por bastante tempo.
Como um escultor que talha a pedra, dando forma a sua escultura,
processos de aprendizado modelam o cérebro dotado de sinapses em
excesso. Eles dissolvem conexões pouco utilizadas ou fortalecem as ativas
e de uso freqüente. Tudo que aprendemos altera nossa rede neuronal.
Assim, o desenvolvimento das capacidades cognitivas e do cérebro estão
vinculados um ao outro de forma indissociável – e o mesmo se aplica à
didática e às neurociências. Apenas em conjunto elas podem desenvolver
novas estratégias de aprendizado apropriadas às crianças, que permitam a
educadores reconhecer melhor e estimular os talentos individuais de seus
alunos.
Embora o aprendizado jamais tenha fim, as bases do saber são
lançadas em grande parte já na infância. Por isso é essencial estimular as
sinapses tão cedo e de forma tão variada quanto possível nas crianças.
O desenvolvimento do cérebro demanda, portanto, interação
constante com o mundo exterior. A multiplicidade dos estímulos exteriores
determina qual será a complexidade das ligações entre as células nervosas
e como elas se comunicarão entre si.
Que importância isso tem para a didática? Quando educação e
formação dão às crianças os estímulos intelectuais de que o cérebro
precisa, as capacidades mentais podem se desenvolver – e aprender se
torna fácil. Mas é precisamente entre os 3 e os 10 anos que o cérebro está
sempre à procura de novo alimento. Assim, a cada segundo, uma profusão
incomensurável de impressões abre caminho pela via dos sentidos.
Contudo, nem todos esses estímulos adentram nossa percepção, ou
nossas células cinzentas logo atingiriam o limite da sua capacidade de
ordenar sensatamente tamanha quantidade de informação. Em vez disso, o
que ocorre é um constante processo de seleção a destilar a ínfima porção
que tem importância suficiente para ter acesso ao cérebro. A instância
divisória é a atenção. Ela faz com que, da imensa gama de estímulos, os
órgãos dos sentidos selecionem aqueles que devem ser processados pela
consciência. Considerando-se que o cérebro se interessa sobretudo pelas
alterações no mundo ao nosso redor, objetos novos, chamativos ou em
movimento despertam atenção de forma quase automática.
Tudo que é desconhecido estimula com particular intensidade as
redes neuronais e, por isso mesmo, deposita-se muito facilmente na
memória, como informação. Crianças adoram surpresas, e o mesmo
acontece com seus cérebros. Um ambiente rico em variedade, capaz de
despertar todo dia a curiosidade pelo novo, conduz quase automaticamente
ao aprendizado.
Mas, como é o cotidiano escolar? Em geral, ele raras vezes procura
expandir as capacidades preexistentes. Ao contrário, busca-se compensar o
déficit resultante da comparação entre o currículo exigido e o saber efetivo
dos alunos. Em vez de a escola se valer das capacidades de cada um e de
expandi-las, os alunos são predominantemente atormentados com suas
deficiências individuais.
A neurobiologia também mostra que se aprende melhor quando o
objeto do aprendizado tem conteúdo emocional. Emoção e motivação
balizam, pois, o sistema de atenção, que decidirá que informações serão
armazenadas nos circuitos neuronais e, portanto, aprendidas.
Decorre também do modo como o cérebro funciona, aquele que é
talvez o princípio mais importante da neurodidática: permitir que as
crianças aprendam de acordo com seus dons e talentos individuais. Nessa
chamada pedagogia das competências, não é o currículo que decide o que
deve ser aprendido, e sim as capacidades individuais dos alunos. Durante
muito tempo, não apenas os cientistas da educação, mas também muitos
neurobiólogos acreditaram que todas as pessoas vêm ao mundo dotadas
dos mesmos requisitos para o aprendizado. Nesse meio tempo, porém, já
se sabe que as pré-condições cognitivas são dadas pela genética, sob a
forma de potencial. Todavia, esse potencial só se desenvolve mediante a
interação com o mundo ao redor, ou seja, mediante o aprendizado.
Toda criança possui um pacote próprio de possibilidades de
desenvolvimento, tem seus talentos específicos, mas também suas
fraquezas individuais. Ao que tudo indica, o sistema de busca de
informações chamado cérebro sabe quais os pontos fortes de seu dono e
procura explorá-los e expandi-los com perguntas direcionadas. A típica
ânsia de saber das crianças, que por vezes nos parece infinita, não é, pois,
arbitrária e despropositada, e sim balizada por talentos pessoais. À criança
interessará mais aquilo que ela sabe melhor, e é também sobre isso que ela
fará insistentes perguntas.
Por esse motivo, a tarefa mais importante dos professores – e
também dos pais - consiste em descobrir o que a criança domina melhor, o
que desperta sua curiosidade e lhe dá alegria. A escola ideal, do ponto de
vista neurodidático, ajusta os conteúdos curriculares às competências
individuais dos alunos. Somente pedagogos que conhecem as capacidades
de seus alunos podem dar ao cérebro aprendiz o alimento que ele
demanda.
Adaptado do artigo de Gerhard Friedrich e Gerhard Preiss: “Educar com a
cabeça” in revista Viver mente & cérebro Nº 157 fevereiro de 2006 , p. 50
à 57.

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